26/03/2009

Revisão Iluminismo

QUESTÃO 01

Dentre os pensadores do Iluminismo, ASSOCIE corretamente o autor e a base do seu pensamento registrado em suas obras.

a) Locke pregava que a Razão deveria servir para libertar o Homem do seu estado de menoridade, onde o pensamento se encontrava sob a tutela da Igreja ou dos mitos.
b) Voltaire defendia a tolerância religiosa em todos os assuntos políticos, porém a liberdade de expressão não incluía os assuntos religiosos.
c) Montesquieu defendia um governo aristocrático dividido em três poderes: o Legislativo, o Executivo, o Judiciário.
d) Jean-Jacques Rousseau defendia que as desigualdades entre os homens poderiam ser consideradas como naturais, com exceção da desigualdade social que era uma criação da própria sociedade e, por isso, poderia ser modificada.


QUESTÃO 02

Leia e analise as afirmações a seguir sobre o movimento iluminista:
I - Muitas das idéias propostas pelos filósofos iluministas são, hoje, elementos essenciais da identidade da sociedade oriental.
II - O pensamento iluminista caracterizou-se pela ênfase conferida à razão, entendida como inerente à condição humana.
III - Diversos pensadores iluministas conferiram uma importância central à religião enquanto instrumento promotor da civilização.
IV - A filosofia iluminista proclamou a liberdade como direito incontestável de todo ser humano.
ASSINALE:
a) se apenas a afirmativa II estiver correta.
b) se apenas as afirmativas I e IV estiverem corretas.
c) se apenas as afirmativas II e IV estiverem corretas.
d) se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas.


QUESTÃO 03

Leia a frase abaixo.

O Terceiro Estado será aquele que, pelo peso das responsabilidades, se levantará contra a opressão do Estado Absolutista. Os camponeses terão papel importante, os pobres das cidades também, mas a liderança e os frutos dessa revolução caberão a uma fração do Terceiro Estado: a (o) __________________.

ASSINALE a opção que preenche corretamente a frase acima.

a) nobreza.
b) burguesia.
c) alto Clero.
d) clero urbano.

QUESTÃO 04

O príncipe é, para a sociedade que governa, o que a cabeça é para o corpo; deve ver, pensar, agir por toda a comunidade, a fim de conseguir-lhe todas as vantagens... É apenas o primeiro servidor do Estado, obrigado a agir com probidade, com sabedoria, totalmente desinteressado, como se a cada momento tivesse de prestar contas de sua administração.
(Frederico II, Rei da Prússia).

Tais palavras expressam

a) o Despotismo Esclarecido.
b) o Maquiavelismo.
c) o Liberalismo.
d) o Absolutismo.

QUESTÃO 05

O princípio da divisão do Estado em três poderes independentes - legislativo, executivo e judiciário - foi proposto pelos defensores das formas constitucionais de governo a partir do século 17, na Inglaterra, até o final do século 18, na França (Iluminismo).

Que tipo de sociedade e de organização estatal eles combatiam e qual forma de governo almejavam implantar?

25/03/2009

Revisão I Guerra Mundial

QUESTÃO 01


A Alemanha e a Itália demoraram a se unificar e a se firmar como grandes potências imperialistas. Pegaram poucos pedaços da África e da Ásia para colonizar. Para conseguir mais colônias teriam que tomar dos outros países imperialistas. Surgia assim, um dos motivos responsáveis pela eclosão da I Guerra Mundial. Assinale a alternativa que está correta em relação aos outros motivos geradores da I Guerra.

a) O sentimento nacionalista, a questão balcânica e a crise do Marrocos.
b) O sistema de aliança, anexação da Bósnia pela Sérvia e o sentimento nacionalista.
c) A crise do Marrocos, a aliança entre Alemanha e Sérvia e o assassinato de Francisco Ferdinando.
d) O problema entre Alemanha e Inglaterra em relação a Alsácia-Lorena, a queda industrial da Alemanha e o sentimento nacionalista.


QUESTÃO 02


O “estopim” da Primeira Grande Guerra Mundial foi

a) o assassinato de Francisco Fernando.
b) a formação da Tríplice Aliança.
c) a Guerra franco-prussiana.
d) o domínio da Alsácia-Lorena.


QUESTÃO 03

A Primeira Guerra é apontada como um conflito novo na História porque:

a) Opõe os países do ocidente aos do oriente;
b) Resulta de uma vigorosa expansão capitalista;
c) Instala o poder da diplomacia do dólar;
d) Inicia a era das guerras de caráter econômico.

QUESTÃO 04

“ A forte concorrência entre as potências imperialistas aumentou o clima de tensão na Europa. Os governantes europeus estabeleceram acordos diplomáticos entre si, que os fortaleceram frente aos inimigos”.

A respeito da formação das alianças antes da I Guerra Mundial, relacione a 2ª coluna de acordo com a 1ª.


( E ) Tríplice Entente ( ) Itália
( A ) Tríplice Aliança ( ) Rússia
( ) Alemanha
( ) Império Austro-Húngaro
( ) França
( ) Inglaterra
a) A – A – A – E – E - E
b) E – E – C – A – A – A
c) E – A – E – E – A – A
d) A – E – A – A – E – E




QUESTÃO 05

Em relação às causas históricas diretas da Primeira Grande Guerra, é correto afirmar que:

a) A incapacidade política dos Estados Unidos em solucionar a crise econômica do capitalismo no século XIX colocou em xeque toda a estrutura do sistema produtivo e financeiro mundial;
b) A desigualdade de desenvolvimento das nações capitalistas européias acentuou a rivalidade imperialista. Foi a disputa colonial marcada por um nacionalismo forte e agressivo pela corrida armamentista que expandiu os pontos de atrito entre as potências;
c) O desequilíbrio entre a produção e o consumo incentivou a conquista de novos mercados consumidores de bens de produção, o que reativou as rivalidades já existentes entre os países europeus e os países da América;
d) O expansionismo na Áustria e a invasão da Polônia pela Alemanha assustaram tanto a Inglaterra quanto a França, que se sentiram agredidas e responderam militarmente contra a agressão declarando guerra ao inimigo.



QUESTÃO 06

A I Guerra Mundial é o acontecimento que realmente dá início ao século XX, pondo fim ao que se convencionou chamar de Belle Époque – 1871-1914: período em que as grandes potências européias não entraram em guerra entre si e a burguesia viveu sua época de maior fastígio, graças à expansão do capitalismo imperialista e à exploração imposta ao proletariado.
Os fatores que provocaram a I Guerra Mundial foram, EXCETO
a) a disputa por mercados internacionais pelas grandes potências européias.
b) as questões de caráter nacionalista envolvendo choque de interesses políticos.
c) o estopim do assassinato de Francisco Ferdinando, herdeiro Austro-Húngaro.
d) o desrespeito aos interesses nacionalistas germânicos pelos eslavos.

QUESTÃO 07

“Os países imperialistas dominaram os povos de quase todo o planeta. Porém, a maior parte dos capitalistas e da população desses países acreditavam que suas ações eram justas e até benéficas à humanidade em nome da ideologia do progresso. Mas as intenções imperialista eram outras...”
www.wikipedia.com.br
As necessidades que determinaram o imperialismo foram:

a) Fornecimento estável e barato de matéria-prima, produtores independentes e criação de um parque industrial.
b) Mercados consumidores para o escoamento da produção e criação de um parque industrial em antigas colônias.
c) Mercados consumidores para o escoamento da produção e mercados receptores de investimentos.
d) Fornecimento estável e barato de matéria-prima e mercado receptor de investimentos privados europeus.

QUESTÃO 08

Leia o trecho de uma carta, encontrada no bolso de um soldado alemão, que participou da Batalha do Somme (1916).

A Guerra narrada por um soldado

Estamos tão exaustos que dormimos, mesmo sob intenso barulho. A melhor coisa que poderia acontecer seria os ingleses avançarem e nos fazerem prisioneiros. Ninguém se importa conosco. Não somos revezados. Os aviões lançam projéteis sobre nós. Ninguém mais consegue pensar. As rações estão esgotadas – pão, conservas, biscoitos, tudo terminou! Não há uma única gota de água. É o próprio inferno!

(Fonte: J. M. Roberts (org.) História do Século XX. In: Adhemar Martins Marques et al. História Contemporânea através de textos. São Paulo: Contexto, 1994. p.120).


Leia as afirmativas.

I. soldado alemão demonstra a vontade de deserção, já cansado de uma guerra na qual não acredita.
II. soldado deixa claro a desesperança com o governo alemão, que parece tê-los esquecido no front de guerra.
III. Para o soldado, estar nesta guerra é como estar vivendo no próprio inferno, melhor seria ser capturado pelo exército inimigo.

Assinale:

a) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
b) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
c) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
d) se todas as afirmativas estiverem corretas.

22/03/2009

Renascimento

Absolutismo e Renascimento





Introdução




Pode definir o absolutismo como um sistema político e administrativo que prevaleceu nos países da Europa, na época do Antigo Regime (séculos XVI ao XVIII ).
No final da Idade Média (séculos XIV e XV), ocorreu uma forte centralização política nas mãos dos reis. A burguesia comercial ajudou muito neste processo, pois interessa a ela um governo forte e capaz de organizar a sociedade. Portanto, a burguesia forneceu apoio político e financeiro aos reis, que em troca, criaram um sistema administrativo eficiente, unificando moedas e impostos e melhorando a segurança dentro de seus reinos.

Nesta época, o rei concentrava praticamente todos os poderes. Criava leis sem autorização ou aprovação política da sociedade. Criava impostos, taxas e obrigações de acordo com seus interesses econômicos. Agia em assuntos religiosos, chegando, até mesmo, a controlar o clero em algumas regiões.

Todos os luxos e gastos da corte eram mantidos pelos impostos e taxas pagos, principalmente, pela população mais pobre. Esta tinha pouco poder político para exigir ou negociar. Os reis usavam a força e a violência de seus exércitos para reprimir, prender ou até mesmo matar qualquer pessoa que fosse contrária aos interesses ou leis definidas pelos monarcas.
Exemplos de alguns reis deste período:
• Henrique VIII - Dinastia Tudor : governou a Inglaterra no século XVII
• Elizabeth I - Dinastia Stuart - rainha da Inglaterra no século XVII
• Luis XIV - Dinastia dos Bourbons - conhecido como Rei Sol - governou a França entre 1643 e 1715.
• Fernando e Isabel - governaram a Espanha no século XVI.

Teóricos do Absolutismo


Muitos filósofos desta época desenvolveram teorias e chegaram até mesmo a escrever livros defendendo o poder dos monarcas europeus. Abaixo alguns exemplos:




Jacques Bossuet : para este filósofo francês o rei era o representante de Deus na Terra. Portanto, todos deveriam obedecê-lo sem contestar suas atitudes.
Nicolau Maquiavel : Escreveu um livro, " O Príncipe", onde defendia o poder dos reis. De acordo com as idéias deste livro, o governante poderia fazer qualquer coisa em seu território para conseguir a ordem. De acordo com o pensador, o rei poderia usar até mesmo a violência para atingir seus objetivos. É deste teórico a famosa frase : " Os fins justificam os meios."
Thomas Hobbes : Este pensador inglês, autor do livro " O Leviatã ", defendia a idéia de que o rei salvou a civilização da barbárie e, portanto, através de um contrato social, a população deveria ceder ao Estado todos os poderes.
Jean Bodin: Outro defensor do direito divino, comparava a figura do rei com a do pai, portanto sendo inquestionável sua autoridade.






Mercantilismo







Mercantilismo: a prática econômica do absolutismo
Podemos definir o mercantilismo como sendo a política econômica adotada na Europa durante o Antigo Regime. Como já dissemos, o governo absolutista interferia muito na economia dos países. O objetivo principal destes governos era alcançar o máximo possível de desenvolvimento econômico, através do acúmulo de riquezas. Quanto maior a quantidade de riquezas dentro de um rei, maior seria seu prestígio, poder e respeito internacional. Podemos citar como principais características do sistema econômico mercantilista: Metalismo, Industrialização, Protecionismo Alfandegário, Pacto Colonial, Balança Comercial Favorável.






Renascimento Cultural




Introdução

Durante os séculos XV e XVI intensificou-se, na Europa, a produção artística e científica. Esse período ficou conhecido como Renascimento ou Renascença.


Contexto Histórico


As conquistas marítimas e o contato mercantil com a Ásia ampliaram o comércio e a diversificação dos produtos de consumo na Europa a partir do século XV. Com o aumento do comércio, principalmente com o Oriente, muitos comerciantes europeus fizeram riquezas e acumularam fortunas. Com isso, eles dispunham de condições financeiras para investir na produção artística de escultores, pintores, músicos, arquitetos, escritores, etc.
Os governantes europeus e o clero passaram a dar proteção e ajuda financeira aos artistas e intelectuais da época. Essa ajuda, conhecida como mecenato, tinha por objetivo fazer com que esses mecenas (governantes e burgueses) se tornassem mais populares entre as populações das regiões onde atuavam. Neste período, era muito comum as famílias nobres encomendarem pinturas (retratos) e esculturas junto aos artistas.

Foi na Península Itálica que o comércio mais se desenvolveu neste período, dando origem a uma grande quantidade de locais de produção artística. Cidades como, por exemplo, Veneza, Florença e Gênova tiveram um expressivo movimento artístico e intelectual. Por este motivo, a Itália passou a ser conhecida como o berço do Renascimento.
Características Principais:

- Valorização da cultura greco-romana. Para os artistas da época renascentista, os gregos e romanos possuíam uma visão completa e humana da natureza, ao contrário dos homens medievais;

- As qualidades mais valorizadas no ser humano passaram a ser a inteligência, o conhecimento e o dom artístico;

- Enquanto na Idade Média a vida do homem devia estar centrada em Deus ( teocentrismo ), nos séculos XV e XVI o homem passa a ser o principal personagem (antropocentrismo);

- A razão e a natureza passam a ser valorizadas com grande intensidade. Os homens renascentistas, principalmente os cientistas, passam a utilizar métodos experimentais e de observação da natureza e universo.
- Hedonismo, valorização dos prazeres terrenos, no mundo medieval havia a idéia que o sofrimento e as privações aproximavam o homem de Deus. Com o crescimento da mentalidade burguesa, a valorização das conquistas matérias passou a ser incentivada.
Durante os séculos XIV e XV, as cidades italianas como, por exemplo, Gênova, Veneza e Florença, passaram a acumular grandes riquezas provenientes do comércio. Estes ricos comerciantes, conhecidos como mecenas, começaram a investir nas artes, aumentando assim o desenvolvimento artístico e cultural. Por isso, a Itália é conhecida como o berço do Renascentismo. Porém, este movimento cultural não se limitou à Península Itálica. Espalhou-se para outros países europeus como, por exemplo, Inglaterra, Espanha, Portugal, França e Países Baixos.

05/03/2009

A revolta da vacina



História da revolta popular que aconteceu em novembro de 1904, no Rio de Janeiro.
Oswaldo Cruz queria livrar o Rio de Janeiro da varíola. Mas na primeira campanha de vacinação, há 90 anos, a cidade virou um campo de batalha.


Por Cássio Leite Vieira

Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904, a cidade do Rio de Janeiro viveu o que a imprensa chamou de a mais terrível das revoltas populares da República. O cenário era desolador: bondes tombados, trilhos arrancados, calçamentos destruídos tudo feito por uma massa de 3 000 revoltosos. A causa foi a lei que tornava obrigatória a vacina contra a varíola. E o personagem principal, o jovem médico sanitarista Oswaldo Cruz.
A oposição política, ao sentir a insatisfação popular, tratou de canalizá-la para um plano arquitetado tempos antes: a derrubada do presidente da República Rodrigues Alves. Mas os próprios insufladores da revolta perderam a liderança dos rebeldes e o movimento tomou rumos próprios. Em meio a todo o conflito, com saldo de 30 mortos, 110 feridos, cerca de 1 000 detidos e centenas de deportados, aconteceu um golpe de Estado, cujo objetivo era restaurar as bases militares dos primeiros anos da República.
A revolta foi sufocada e a cidade, remodelada, como queria Rodrigues Alves. Poucos anos depois, o Rio de Janeiro perderia o título de túmulo dos estrangeiros. Hoje, a varíola está extinta no mundo todo. E a Organização Mundial da Saúde, da ONU, discute a destruição dos últimos exemplares do vírus da doença, ainda mantidos em laboratórios dos Estados Unidos e da Rússia.
Rodrigues Alves assumiu a presidência da República em 1902, no Rio de Janeiro, sob um clima de desconfiança e com um programa de governo que consistia basicamente de dois pontos: modernizar o porto e remodelar a cidade. Isso exigia atacar o maior mal da capital: doenças como peste bubônica, febre amarela e varíola.
A futura Cidade Maravilhosa era, então, pestilenta. A situação era tão crítica que, durante o verão, os diplomatas estrangeiros se refugiavam em Petrópolis, para se livrar do contágio. Em 1895, ao atracar no Rio, o contratorpedeiro italiano Lombardia perdeu 234 de seus 337 tripulantes por febre amarela.
Segundo a oligarquia paulista do café, de quem Rodrigues Alves era representante, além de vergonha nacional, as condições sanitárias do Rio impediam a chegada de investimentos, maquinaria e mão-de-obra estrangeira.
O projeto sanitário deveria ser executado a qualquer preço. Rodrigues Alves nomeia, então, dois assistentes, com poderes quase ditatoriais: o engenheiro Pereira Passos, como prefeito, e o médico sanitarista Oswaldo Cruz, como chefe da Diretoria de Saúde Pública. Cruz assume o cargo em março de 1903: Dêem-me liberdade de ação e eu exterminarei a febre amarela dentro de três anos. O sanitarista cumpriu o prometido.
Em nove meses, a reforma urbana derruba cerca de 600 edifícios e casas, para abrir a avenida Central (hoje, Rio Branco). A ação, conhecida como bota-abaixo, obriga parte da população mais pobre a se mudar para os morros e a periferia.
A campanha de Oswaldo Cruz contra a peste bubônica correu bem. Mas o método de combate à febre amarela, que invadiu os lares, interditou, despejou e internou à força, não foi bem sucedida. Batizadas pela imprensa de Código de Torturas, as medidas desagradaram também alguns positivistas, que reclamavam da quebra dos direitos individuais. Eles sequer acreditavam que as doenças fossem provocadas por micróbios.
1.Jacobinos e florianistas.1, que já articulavam um golpe contra o presidente Rodrigues Alves, perceberam que poderiam canalizar a insatisfação popular em favor de sua causa: a derrubada do governo, acusado de privilegiar os fazendeiros e cafeicultores paulistas.
Dia 31 de outubro, o governo consegue aprovar a lei da vacinação. Preparado pelo próprio Oswaldo Cruz que tinha pouquíssima sensibilidade política , o projeto de regulamentação sai cheio de medidas autoritárias. O texto vaza para um jornal. No dia seguinte à sua publicação, começam as agitações no centro da cidade.
Financiados pelos monarquistas que apostavam na desordem como um meio de voltar à cena política , jacobinos e florianistas usam os jornais para passar à população suas idéias conspiradoras, por artigos e charges. Armam um golpe de Estado, a ser desencadeado durante o desfile militar de 15 de novembro. Era uma tentativa de retornar aos militares o papel que desempenharam no início da República. Mas, com a cidade em clima de terror, a parada militar foi cancelada. Lauro Sodré e outros golpistas conseguem, então, tirar da Escola Militar cerca de 300 cadetes que marcham, armados, para o palácio do Catete.
O confronto com as tropas governamentais resulta em baixas dos dois lados, sem vencedores. O governo reforça a guarda do palácio. No dia seguinte, os cadetes se rendem, depois que a Marinha bombardeara a Escola Militar, na madrugada anterior. No dia 16, o governo revoga a obrigatoriedade da vacina, mas continuam os conflitos isolados, nos bairros da Gamboa e da Saúde. Dia 20, a rebelião está esmagada e a tentativa de golpe, frustrada. Começa na cidade a operação limpeza, com cerca de 1 000 detidos e 460 deportados.
Mesmo com a revogação da obrigatoriedade da vacina, permanece válida a exigência do atestado de vacinação para trabalho, viagem, casamento, alistamento militar, matrícula em escolas públicas, hospedagem em hotéis.
Em 1904, cerca de 3 500 pessoas morreram de varíola. Dois anos depois, esse número caía para nove. Em 1908, uma nova epidemia eleva os óbitos para cerca de 6 550 casos, mas, em 1910, é registrada uma única vítima. A cidade estava enfim reformada e livre do nome de túmulo dos estrangeiros.
Cerca de quinze tipos de moléstia faziam vítimas no Rio do início do século. As principais, que já atingiam proporções epidêmicas, eram a peste bubônica, a febre amarela e a varíola. Mas havia também sarampo, tuberculose, escarlatina, difteria, coqueluche, tifo, lepra, entre outras.
Para combater a peste bubônica, Oswaldo Cruz formou um esquadrão especial, de 50 homens vacinados, que percorriam a cidade espalhando raticida e mandando recolher o lixo. Criou o cargo de comprador de ratos, funcionário que recolhia os ratos mortos, pagando 300 réis por animal. Já se sabia que eram as pulgas desses animais as transmissoras da doença.
Em 1881, o médico cubano Carlos Finlay havia identificado o mosquito Stegomyia fasciata como o transmissor da febre amarela. Cruz, então, criou as chamadas brigadas mata-mosquitos, que invadiam as casas para desinfecção com gases de piretro e enxofre. No primeiro semestre de 1904, foram feitas cerca de 110 000 visitas domiciliares e interditados 626 edifícios e casas. A população contaminada era internada em hospitais.
Mesmo sob insatisfação popular, a campanha deu bons resultados. As mortes, que em 1902 chegavam a cerca de 1 000, baixaram para 48. Cinco anos depois, em 1909, não era registrada, na cidade do Rio de Janeiro, mais nenhuma vítima da febre amarela.
Apesar de todos os incidentes, foi com a mesma firmeza que Oswaldo Cruz bancou a campanha contra a varíola. Na noite de 14 para 15 de novembro, enviou a mulher e os filhos para a casa do amigo Sales Guerra e seguiu, ele mesmo, para a casa do cientista Carlos Chagas, que mais tarde descobriria a causa do mal de Chagas.
Em 1907, de volta de uma exposição na Alemanha, onde fora premiado por sua obra de combate às doenças, Cruz sente os primeiros sintomas da sífilis. Envelheceu rapidamente: aos 30 anos, tinha já cabelos brancos. A sífilis causou-lhe insuficiência renal. Mais tarde, surgiram problemas psíquicos. Os delírios se intensificaram e conta-se que muitas vezes foi visto à noite, vagando solitariamente pelas dependên-cias do Instituto Manguinhos, que ele próprio ajudara a projetar, em 1903, e que receberia o nome de Instituto Oswaldo Cruz, em 1908.
Em 1916, foi nomeado prefeito de Petrópolis. A cidade, envolvida em disputas políticas, não recebe bem a nomeação. Oswaldo Cruz morreu, em 11 de fevereiro de 1917, com uma passeata de protesto em frente à sua casa.

Para saber mais:
Oswaldo Cruz: tudo pela saúde
(SUPER número 11, ano 2)
100 motivos para se orgulhar da ciência brasileira.
(SUPER número 1, ano 10)

O mês de novembro de 1904 pôs fogo no Rio de Janeiro
Dia 9
O jornal carioca A Notícia publica o projeto de regulamentação da lei de vacinação obrigatória. Os termos são considerados autoritários e começa a indignação popular. No dia 10, o povo se aglomera no largo de São Francisco. Morra a polícia. Abaixo a vacina, gritam os oradores. A multidão desce a rua do Ouvidor e, na praça Tiradentes, encontra policiais. Ao final, quinze presos.
Dia 11
A Liga Contra a Vacina Obrigatória marca um comício no largo de São Francisco. Seus líderes não comparecem. Mas, exaltada, a multidão recebe a polícia com pedras, paus e pedaços de ferro da construção da avenida Central (hoje, Rio Branco). À noite, cerca de 3 000 pessoas marcham contra o Palácio do Catete, sede do governo, já cercado por tropas. Na volta, pela Lapa, há novos confrontos. Tiros. Morre o primeiro popular.
Dia 12
Nos três dias seguintes, a cidade se transforma num campo de batalha, com barricadas em diversos pontos. Bondes e postes são depredados. Trilhos e calçamentos, arrancados. Delegacias, repartições públicas e casas de armas, invadidas. A polícia é expulsa de bairros pobres, como a Saúde. Tropas do Exército de São Paulo e Minas Gerais são requisitadas. A Marinha entra no conflito.
Dia 14
Golpe de Estado contra o presidente Rodrigues Alves. Líderes políticos conseguem sublevar a Escola Militar, na praia Vermelha, de onde saem 300 cadetes armados, rumo ao Catete. Golpistas e tropas legalistas se enfrentam. O governo reforça a segurança do palácio. O presidente se recusa a se refugiar num navio da Marinha. O encouraçado Deodoro bombardeia a Escola Militar. Os rebelados se rendem. Fracassa o golpe.
Dia 16
O governo suspende a obrigatoriedade da vacina, retraindo a revolta. A resistência fica isolada a poucos locais, entre eles, a Saúde, último reduto dos anarquistas. No dia 18, acontece o último conflito, na pedreira do Catete. Saldo: 110 feridos, 30 mortos e 945 pessoas presas, das quais 461 são deportadas inclusive sete estrangeiros, segundo o chefe de polícia. A cidade volta à normalidade.

Breve história da extinção da varíola no mundo
1904
A vacina era fabricada com o vírus da varíola bovina. A primeira vacina tinha sido desenvolvida em 1797, pelo médico inglês Edward Jenner (1749-1823). Com o tempo, o método foi aperfeiçoado. No final do século XIX, já se produzia a vacina desidratada, a partir do vírus da varíola bovina. Foi este o método trazido da França por Oswaldo Cruz. A aplicação era feita no braço, por meio de arranhões com lancetas.
1967
A Organização Mundial da Saúde (OMS), da ONU, iniciou a campanha de erradicação da varíola. A vacina era produzida, então, a partir de tecidos de bezerro contendo o vírus ativo, e a aplicação, feita por pistola. Em 1973, a varíola é considerada extinta na América do Sul. Em 1976, o último ataque à doença, na Somália e na Etiópia, mobilizou 3 milhões de vacinadores. O último caso foi o de uma jornalista inglesa, que se contaminou em laboratório e morreu da doença, em 1978.
1980
Em 8 de maio, a OMS dá a varíola como completamente erradicada da Terra. Alguns países foram autorizados a conservar o vírus em laboratório, entre eles Estados Unidos, África do Sul, a extinta União Soviética, Grã-Bretanha, Holanda e China. Os três últimos desistiram. A África do Sul destruiu suas amostras em 1984.Em meados deste ano, foi realizada uma reunião para definir o que fazer com as amostras americanas e russas.
1994
Em 9 de setembro, o Comitê de Especialistas da OMS aprovou a recomendação de destruir os últimos vírus e encaminhou-a à Assembléia Mundial de Saúde, que acontece em maio de 1995. O Brasil foi representado no Comitê pelo pesquisador Hermann Schatzmayr, da Fundação Oswaldo Cruz. Tudo indica que os últimos exemplares terão seu fim em 30 de junho de 1995. Mas seu código genético será preservado.


O sanitarista


Oswaldo Gonçalves Cruz nasceu em São Luis do Paraitinga, São Paulo, em 5 de agosto de 1872. Precoce, ingressou na faculdade de medicina aos 15 anos. Em 1892, com 20 anos, obteve o doutorado pela Faculdade Nacional de Medicina, do Rio de Janeiro. Exerceu a clínica médica por pouco tempo e, com o apoio do sogro, seguiu para Paris, em 1896, para um estágio no Instituto Pasteur. Faleceu em Petrópolis, em 11 de fevereiro de 1917.